quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Workshop sobre Mídia na Formação de Educadores.

No dia 11 de março de 2011, será realizado o 19° Encontro de Formação de Educadores do Instituto Guga Kuerten, ocasião em que será desenvolvido o workshop “A Mídia na Educação e os desafios do educador para a construção do futuro”, primeira prática como pesquisa desenvolvida para minha Tese de Doutorado. Os registros e resultados desta pesquisa serão divulgados posteriormente neste espaço.


terça-feira, 28 de dezembro de 2010

ARTIGO: LABORATÓRIO DE AUDIOVISUAL NA ESCOLA

(Resumo Expandido publicado no I CICPG - UDESC)

Raquel Guerra*
Laédio Martins

1. INTRODUÇÃO
           
            Este artigo discorre sobre a importância do desenvolvimento de laboratórios de audiovisual na escola. O objetivo é a construção de conhecimentos e habilidades técnicas que cotejam/tangenciam a linguagem do audiovisual através do uso e manuseio de produtos eletrônicos e midiáticos de uso comum, tais como câmeras de fotografia, vídeo e celulares. Os produtos criados podem ser inseridos em ferramentas de mídia, disponíveis na internet, como o Youtube, por exemplo. Contudo, princípios e valores éticos devem ser considerados nesse procedimento, uma vez que a intenção educacional não é a mera instrução, mas a reflexão e crítica sobre a linguagem. É inegável que os equipamentos eletrônicos atuais são ferramentas pedagógicas poderosas, os alunos em geral conhecem e dominam o manuseio do instrumental. A questão – problema reside no fato de que a mídia articula, cada vez mais, mecanismos de educação cultural, que nem sempre estão aliados a ética e crítica social. Portanto, os laboratórios de audiovisual no contexto escolar oportunizam um trabalho de orientação e reflexão na criação e utilização destes recursos de mídia e linguagem.  

2. A ESCOLA E A CULTURA AUDIOVISUAL

            Nossa cultura está ancorada sobre a comunicação audiovisual e, segundo Vânia Carneiro, pesquisadora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília, “aprender a ler e a criticar o que se consome é fundamento para saber como lidar autonomamente com a cultura audiovisual.” (CARNEIRO, 2002, p.1) [2]. Ou seja, algumas das competências que devem estar implícitas à aprendizagem do audiovisual são justamente o discernimento e o olhar crítico sobre as produções ofertadas e consumidas diariamente pela sociedade.
            Tais colocações também estão pautadas nos documentos do Ministério da Educação (1998), ao salientar que “a sociedade contemporânea está imersa numa enorme quantidade de imagens, nos mais diversos formatos” e entre eles, cita-se a televisão, o cinema e a internet, dispositivos que oferecem novas formas de linguagem e comunicação pela manipulação da imagem, de modo que “a construção dessa ‘nova gramática’ requer necessariamente uma compreensão da imagem como forma de representação e do movimento como narrativa.” (MEC, 1998, p.12 ) [1]. Esta ‘nova gramática’ da qual no falam os documentos do Ministério da Educação está presente no vídeo, não o equipamento/suporte, mas a mídia, o encontro de linguagens, ou a intersecção de linguagem’, conforme texto abaixo:

Vídeo é mídia eletrônica que opera na interseção de linguagens de cinema, teatro, literatura, rádio, computação gráfica e acrescenta recursos expressivos específicos. É discurso impuro que reprocessa formas de expressão colocadas em circulação por outros meios, atribuindo-lhes novos valores. Sua especificidade está na síntese dessas contribuições. A linguagem audiovisual é fenômeno cultural decorrente do desenvolvimento de técnicas e meios de expressão, pressões socioeconômicas e demandas estéticas de uma época ou um lugar. (CARNEIRO, 2002, p.3) [3]

            A produção de imagens, seja pela televisão ou cinema, sempre revela valores e ideais subjacentes aqueles que detêm os recursos sobre os meios de comunicação. Todavia, o conhecimento sobre as etapas de criação e os novos recursos de mídia, como a internet, vem permitindo, cada vez mais, que o domínio sobre os meios de comunicação seja difundido, uma vez que produções em vídeo são lançadas independentes na internet, sem a mediação ou dependência de um mercado ou produtor; mas como é que se destaca/define o que é artístico nisso tudo?
            No cinema, em novelas, telejornais ou vídeos publicitários, cada vez mais é indispensável identificar os elementos que estão implícitos nos meios de comunicação, pois, muitas vezes, a passividade frente aos aparelhos midiáticos revela o quanto manipuláveis podem ser os indivíduos da sociedade. Ademais, consoante o pesquisador Nelson Pretto, “parece-me de fundamental importância compreender essa contradição entre a ampliação das possibilidades de comunicação e a excessiva concentração da propriedade sobre os meios.” (PRETTO, 1996, p.45) [7].
            Com freqüência vemos os educandos manipulando aparelhos na escola, cuja finalidade, na maioria das vezes é meramente instrumental, passa tempo e acaba se tornando um problema no universo escolar. No entanto, como sugerem os documentos do Ministério da Educação, o conhecimento e acesso à linguagem audiovisual no contexto escolar devem ultrapassar estes limites.

O sistema educativo não pode limitar-se a usar a linguagem audiovisual como repassadora de informações (...). Além dos exercícios de leitura crítica de imagens, do cinema e da televisão, é importante que professores e alunos tenham acesso aos elementos constitutivos dessa linguagem, porque representará, cada vez mais, um instrumento fundamental de inserção na sociedade contemporânea. (MEC, 1998, p.15)  [1]

            Neste contexto surge a questão que motiva este estudo: por que não aliar-se a essa ferramenta tão produtiva e desenvolver laboratórios de audiovisual na escola com esses equipamentos eletrônicos que despertam tamanho interesse nos jovens? Será possível proibir? Além disso, como informa Moran (2000, p.19), “a construção do conhecimento, a partir do processamento multimídico é mais ‘livre’, menos rígida, com conexões mais abertas, que passam pelo sensorial, pelo emocional e pela organização do racional.” [4]. Portanto, a criação em vídeo permite que o educando não apenas se expresse, mas construa sua visão de mundo no processo de conhecimento sobre as diversas formas da linguagem audiovisual e a escola, passa a ter um aliado no equipamento e não mais um problema. 

3. PARA ALÉM DO INSTRUMENTAL

            Ao elaborar e produzir a partir de habilidades que muitos já dominam – como, por exemplo, as funções dos aparelhos eletrônicos e a divulgação de vídeos pessoais em sites como Youtube e blogs pessoais - a vivência e análise das etapas do processo criativo são indicadores da aprendizagem, todavia não garantem a conscientização sobre a produção da linguagem audiovisual, como bem salienta Vânia Carneiro (2002, p. 2):      

A produção de vídeo por crianças é básica para a escola prepará-las na era tecnológica. Saber operar uma câmera, em si, não garante integração do vídeo no ensino-aprendizagem. (...) Compreender o vídeo requer conhecer processos de produção de significados. Vale manipular, operar, experimentar a expressão da idéia, da emoção, gerar histórias com imagens, sons, vivenciar o processo. A compreensão crítica cresce a partir do conhecimento e da experimentação. Conviver com audiovisuais sem apreender sua dinâmica e os mecanismos de produção de significados induz a equívocos. Obter mais conhecimentos sobre dimensões técnicas e expressivas faculta sua incorporação pedagógica ao cotidiano escolar. [2]

            Maria Isabel Orofino (2005), em sua pesquisa sobre as mídias na mediação escolar, sugere três etapas importantes que justificam e devem ser consideradas na preparação de oficinas e cursos sobre o tema no contexto escolar. O primeiro ponto exposto pela autora refere-se ao debate sobre a própria cultura de mídia pela escola, ou seja, um tema tão presente e constante na sociedade contemporânea não pode ser ignorado no processo de educação, mas fazer parte dele; o segundo ponto é o estudo da recepção, ou seja, como os jovens estão lendo visualmente e se esta leitura é capaz de discernir as mensagens e contextos implícitos nas imagens e no áudio recebidos; o terceiro item pontuado pela autora é a própria realização em vídeo, como forma de conhecimento, experiência e aprendizado sobre a mídia do audiovisual.
            Próximo a estas colocações, a proposta de Marcos Napolitano sobre o uso do cinema em sala de aula, vem a reforçar o caráter estético da fruição dos vídeos no ambiente escolar, o autor afirma ainda que, tratar de cinema e vídeo da escola é uma das maneiras da escola ser uma participante ativa na construção da cultura e não apenas um espaço de transmissão da mesma (ALMEIDA apud NAPOLITANO, 2009, p.12) [6].    
            Em termos pedagógicos, há a preocupação com a formação do educando para encaminhá-lo a construção de um ambiente de comunicação que a cada dia se faz mais presente. Nesse sentido, não basta apenas dominar o acesso às mídias e recursos audiovisuais, é necessário que sua criação, uso e visualização estejam pautados pela ética e respeito.
             Portanto, é importante reconhecer que a educação em audiovisual deve fornecer suporte técnico e instrumental, assim como o acesso a criação de linguagem e reflexão deste processo, pois ambas as funções são indispensáveis para não permanecer na zona da alienação. Saber operar o melhor equipamento não garante a qualidade do produto final. Mas um cuidado estético pode fazer de um vídeo, produzido com recursos técnicos simples, um fenômeno de acessos, que encanta pela articulação da linguagem.
           
Referências Bibliográficas

1. BRASIL, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Um Salto para o Futuro: Tv e informática na educação. Brasília, 1998
2. CARNEIRO, V. L. Q. Analisando e produzindo audiovisual: oficina de vídeo na escola. In: TV na Escola e os Desafios de Hoje. Brasília: UniRede e Seed/MEC - Editora Universidade de Brasília, 2002.
3.______________ Função pedagógica e formato audiovisual de vídeo para professores: a proposta do curso "Tv na escola e os desafios de hoje". Artigo in 25° Reunião Anual Anped: 2002. 
4. MORAN, José Manuel, et al. Novas Tecnologias e mediação pedagógica. Papirus, Campinas, 2000.
5. OROFINO, Maria Isabel. Mídias e mediação escolar. Cortez, Instituto Paulo Freire, São Paulo, 2005.
6. NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula. Contexto, São Paulo, 2009.
7. PRETTO, Nelson. Uma escola sem/com futuro: Educação e multimídia. Papirus, Campinas, 1996.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Projeto Mais Educação

No período de maio à setembro de 2010 participei do Projeto Mais Educação, onde desenvolvi oficinas de teatro e vídeo com crianças e adolescentes na Escola Municipal Donícia Maria Costa, localizada no Bairro Saco Grande, Florianópolis. Enquanto educadora, pesquisei nas aulas atividades de interação entre as práticas teatrais e audiovisuais, valendo-me, sempre que possível, de uma câmera de fotografia ou filmadora. Embora sem ter um resultado final concretizado na linguagem audiovisual, diversas experimentações foram feitas e a prática possibilitou aos alunos envolvidos o acesso aos recursos do vídeo, de modo que os mesmo puderam pesquisar formas de posicionar a câmera, focos e enquadramentos para as pequenas cenas ensaiadas.

                            


   

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Apresentação

O blog Teatro Mídia Digital foi criado para expor trabalhos e pesquisas relacionadas aos campos do teatro, das mídias (principalmente o audiovisual) e educação social. Os projeção são desenvolvidos em espaços de educação cultural e social, como oficinas, aulas e projetos desenvolvidos em parceria entre universidade, escolas e projetos de cultura e educação. O blog contribui à divulgação de produções acadêmicas de extensão, ensino e pesquisa.
Raquel Guerra.